Saiba neste artigo as principais doenças e pragas do Mogno Africano, além de como evitá-las e aprender métodos de controle mais eficazes

O mogno africano é uma espécie exótica que se adaptou em várias regiões do Brasil, sendo a única exceção aos locais que apresentam temperaturas abaixo de zero e/ou geadas. Apesar de se desenvolverem muito bem no clima brasileiro, os plantios de mogno africano não estão 100% isentos de doenças e pragas do Mogno Africano.

A grosso modo, são consideradas pragas os danos causados por insetos, por exemplo, formigas cortadeiras, cupins, urupuás e brocas do pecíolo. Enquanto as doenças são ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus que podem desencadear o cancro do córtex ou de casca, a mancha areolada das folhas, a podridão branca ou murcha letal, cercospora e fusariose.

Cada uma das doenças e pragas do Mogno Africano citadas requerem cuidados e métodos de controle em determinadas fases da floresta (pré-corte, pré-plantio, pós-plantio e manutenção). Portanto, deve-se se atentar as práticas silviculturais que ajudam a evitar sua ocorrência.

Veja abaixo quais são as doenças e pragas do Mogno Africano mais comuns e como combatê-las.

Principais PRAGAS do Mogno Africano

Formigas cortadeiras

Considerada a pior praga florestal, as formigas cortadeiras saúvas (Atta) e quenquéns (Acromyrmex) são os gêneros mais comuns em plantios agrícolas e de Mogno Africano. Elas atacam o plantio independente da idade da floresta.

formiga cortadeira

“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, elas não se alimentam das folhas, essas se servem de nutriente para cultivar o fungo do qual as formigas se alimentam, sendo consideradas por isso insetos agricultores. Sabendo disso, as formigas responsáveis pelo corte e carregamento darão preferência pelas mudas de mogno africano devido à maior maciez das folhas novas em comparação às folhas mais velhas” explica a equipe da Dinagro em entrevista exclusiva.

Por isso, é recomendado que o controle seja realizado nas fases de pré-corte, pré-plantio e pós-plantio.

  • Pré-plantio: deve ser a primeira atividade antes mesmo do preparo do solo. É indicado a aplicação de isca formicida 30 a 120 dias antes do plantio.
  • Pré-corte: até 150 dias antes do corte. Se for necessária roçada manual ou mecânica para eliminação de sub-bosque, aplicar a isca 30 dias após a intervenção.
  • Pós-plantio: a manutenção deve ser realizado anualmente na floresta.

Cupins

Caso seja identificada a presença de cupins antes do plantio das mudas de Mogno Africano, é recomendada a aplicação com o pulverizador de uma solução que contenha como princípio ativo fipronil, imidaclopride e tiametoxan. Essa mesma solução pode ser aplicada em outras fases se for observado novo ataque.

Pragas do Mogno Africano: abelhas urupuás ou abelhas-cachorro

abelha urupua

As abelhas urupuás, gênero Trigona, ataca a parte jovem (broto terminal), por sua perfuração ser mais fácil, ocasionando a morte da parte apical da planta. Consequentemente, é observada a queda das folhas, atrasando assim o crescimento da árvore e acarretando distúrbios fisiológicos. O impacto desse ataque faz com que haja a atrofia e danos na brotação, injuriando o tronco.

Geralmente, os ataques ocorrem quando a floresta atinge de 2 a 3 anos de idade. Para evitar esses danos, é recomendado a pulverização direta na colmeia ou eliminação completa com fogo na área de plantio e no entorno (300 m), 3 meses antes de plantar as mudas ou de qualquer intervenção na área.

Brocas do ponteiro

A larva do gênero Xyloboros ou Xylosandros é o principal agente causador da broca do pecíolo. Ele ataca as folhas novas e maduras tornando-as escuras, progredindo para o meio da folha. É possível identificar o ataque visualmente devido a queima das bordas das folhas e o aspecto murcho. Quando a ocorrência é leve, é indicado retirar essas folhas danificadas e queimá-las para controlar a praga. Porém, quando o ataque é mais severo, será necessário aplicar inseticida fosforado.

Vale lembrar que larva (Hypsypylla grandella) que devastou diversos plantios comerciais de mogno brasileiro (Swietenia macrophylla), apresenta não-preferência pelo mogno africano (Khaya ivorensis/grandifoliola) para depositar seus ovos, ou seja, não se sente atraída por essa planta exótica.

Principais DOENÇAS do mogno africano

Cancro do córtex ou de casca

O cancro córtex nada mais é que um fungo da espécie Lasiodiplodia theobromae, facilmente encontrado em regiões onde há alta umidade (índice pluviométrico superior a 1600 mm), alta temperatura ou solos ácidos que apresentam deficiência de zinco ou boro.

cancro mogno

É possível identificar o ataque a olho nu, pois se inicia na base do tronco em direção ao topo da árvore de forma gradativa. O ataque deste fungo ocasiona a seca de ramos, podridão peduncular em frutos e morte de plantas em casos mais graves.

A prevenção do ataque do cancro do córtex se inicia antes mesmo do plantio das mudas: na correção do solo. É recomendado equilibrar a acidez do solo (PH) com a aplicação de calcário, que irá enrijecer a parede celular da árvore dificultando o ataque e proporcionando um ambiente desfavorável para proliferação de micro-organismos e esporos do fungo.

Caso haja ocorrência em árvores retilíneas ou de aproveitamento para o corte raso da floresta, é possível combater o ataque com defensivo agrícola a base de cobre, ou com o uso de hipoclorito de sódio (água sanitária) a 2,5% ou ainda de calda bordalesa (contendo boro na composição).

Mancha areolada das folhas

Causado pelo fungo Thanatephorus cucumeris, a doença costuma atacar os folíolos na parte apical da árvore, ocasionando o aparecimento de lesões que trazem um aspecto desagradável às folhas da árvore. Para controlar essa doença, basta aplicar fungicidas que contenham pencianol (PINHEIRO et al 2011).

Podridão branca ou murcha letal

A podridão branca, também conhecida como murcha letal, é causada pelo fungo Rigidoporus lignosos que ataca a raiz das árvores com 12 anos de idade ou mais, podendo causar a morte de suas raízes e consequentemente da planta.

Esse fungo se prolifera em ambientes alagadiços com alta umidade, por isso é recomendado evitar o plantio do mogno em áreas com alto índice pluviométrico ou susceptíveis a alagamentos.

Cercospora e fusariose

Responsável por atacar os ponteiros das plantas, o Fusarium oxysporum já foi confundido com a mariposa (Hypsipyla grandella) por ocasionar sintomas similares. Em casos mais graves, recomenda-se a aplicação de fungicida nas doses e formas de aplicação recomendadas por um profissional responsável (PINHEIRO et al 2011).

Assim como os humanos que necessitam de vitaminas e minerais para aumentar a imunidade e evitar a ocorrência de doenças, as plantas também necessitam de determinados nutrientes para se desenvolverem bem e evitar o ataque por pragas e doenças. A deficiência de Cálcio (Ca), Boro (Bo), Fósforo (P), Potássio (K), Manganês (Mg) ou ainda o desequilíbrio de bases da solução do solo facilitam a presença de doenças e pragas do Mogno Africano. Veja no quadro abaixo quais à relação entre doenças e pragas do Mogno Africano e a deficiência de nutrientes no solo:

tabela doenças praga

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Como foi visto, as doenças e pragas do Mogno Africano são de fácil controle e estão intimamente ligadas ao manejo da floresta. Em alguns casos, o controle se inicia antes mesmo do plantio das mudas como é o caso do cancro córtex com o estudo dos nutrientes para correção do solo e a aplicação de iscas formicidas na fase de pré-plantio que deverão ser monitoradas até o corte raso. Aproveite mais sobre a importância da análise de solo e como coletar as amostras neste artigo.

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Escrito por Solano Martins Aquino.