O desbaste florestal abrange a remoção de árvores seguindo alguns critérios e podem ocasionar no efeito da aceleração do crescimento. Confira!
Há inúmeras atividades que contribuem para a aceleração do crescimento de desbaste florestal como o preparo pré-plantio, correção de solo, espaçamento entre as plantas, atividades de manutenção de poda/desrama e os manejos de desbastes.
Uma das atividades que mais contribui para o efeito de aceleração do crescimento da floresta em relação ao diâmetro são o desbaste florestal.
Existem 4 tipos de desbastes comumente utilizados para produção de madeira para serraria. Cada um desses modelos apresentam critérios e diretrizes recomendados para diferentes momentos e situações em que a floresta se encontra.
Por isso, para escolher o melhor método de desbaste são consideradas algumas variáveis antes de colocar essa atividade em prática. Primeiramente, vamos entender o que são desbastes e qual sua função.
O que é manejo de desbaste florestal?
O desbaste florestal seletivo consiste na remoção de árvores finas, defeituosas ou sem desenvolvimento do dossel, para favorecer o crescimento das árvores remanescentes a fim de que elas cresçam em diâmetro. Ao se remover os indivíduos que apresentaram crescimento insatisfatório, há o efeito da aceleração do crescimento.
De acordo com Schneider e Schneider (2008 apud Vatraz et al.) “afirmam que o crescimento em diâmetro é sensível a mudanças causadas na estrutura da floresta, como os desbastes, clareiras e a própria exploração de impacto reduzido, pois a incidência de luz se altera no interior da floresta.”
Ou seja, após remover as piores árvores, o dossel é aberto e a competição entre as árvores é reduzida favorecendo o crescimento das remanescentes principalmente em diâmetro, melhorando também a arquitetura das árvores e consequentemente o seu fator de forma, sendo ideal para produção de madeira nobre, uma vez que há maior aproveitamento ao se converter madeira em tora para serrada.
Já do ponto de vista ecológico, quando o desbaste é mais intenso, há o aumento da temperatura da floresta, da quantidade de água e maior incidência de luz sobre a floresta reduzindo a transpiração das árvores contribuindo para o desenvolvimento da floresta. Outro benefício do desbaste é a redução da necessidade da desrama, diminuindo assim as atividades de manutenção e custos.
Essa atividade de manutenção da floresta é recomendada que seja feita periodicamente em plantios com espaçamentos mais fechados, com lotação inicial de 833 a 1.800 árvores/hectare (ha) para se evitar o autodesbaste, também conhecido como desbaste natural. Ele ocorre quando há menor disponibilidade de nutrientes presentes no solo podendo acarretar em mudanças ou não no tamanho das árvores, ou ainda ocasionar a mortalidade devido a competição entre elas.
Por isso, em espaçamentos de 4 x 3 ou 3 x 2 ou 3,5 x 1,7 ou 2,5 x 3,5 metros, por exemplo, haverá a competição entre as árvores por água, luz e nutrientes fazendo com que elas cresçam mais rápido e de forma retilínea, logo nos primeiros anos da floresta.
Logo, os plantios com povoamentos homogêneos de mogno africano devem seguir regularmente os desbastes propostos no planejamento florestal, considerando o melhor custo x benefício para escolha das idades, frequências e volumes.
Conheça 4 tipos de desbaste florestal
Atualmente existem 4 tipos de desbastes comumente utilizados no ramo da silvicultura. Conheça:
Desbaste por baixo
O critério de seleção do desbastes por baixo recai sobre as árvores que apresentaram crescimento em altura menor do que as outras, ou seja, são removidas as árvores com tamanho e copas inferiores às demais, restando assim apenas as dominantes que apresentaram crescimento maior.
Desbaste pelo alto
Nesse método de desbaste são selecionadas árvores que apresentam maior desenvolvimento do estrato (ou seja, maior altura), mas não demonstram níveis elevados de dossel e nem de crescimento de dimensões em diâmetro. Dessa forma é dado lugar a árvores dominantes e/ou codominantes de diâmetros e dossel mais elevado para se manter até o final da rotação.
Ao se remover as árvores de maior estrato, as remanescentes passam a receber mais luz e a competição por nutrientes é reduzida, garantindo assim maior valor comercial para as demais.
Desbaste seletivo
Normalmente é realizado o desbaste seletivo em florestas de mogno africano que adotaram o espaçamento de 1.666 árvores por hectare no primeiro manejo da floresta. O desbaste de seleção tem como objetivo melhorar a qualidade das árvores remanescentes, para isso são removidas as árvores finas, defeituosas, doentes ou até mesmo mortas. O critério de seleção se dá de forma visual e individual das árvores.
Desbaste sistemático
O desbaste sistemático é recomendado em florestas que apresentam muitas árvores com desenvolvimento uniforme. Dessa forma, a escolha das árvores é realizada com esquema padrão com base em sua posição no talhão ou povoamento, por exemplo, linhas alternadas, linha inteira de árvores retiradas a cada duas, três ou mais linhas remanescentes, entre outras formas. Nas florestas de mognos normalmente este método se aplica no terceiro desbaste, facilitando a mecanização da operação.
Riscos de não realizar o desbaste florestal
Conforme visto anteriormente, espaçamentos mais fechados de florestas comerciais costumam gerar a competição entre as árvores por nutrientes, água e luz. A principal função desta atividade, é proporcionar maior crescimento diamétrico das árvores remanescentes.
Caso não seja realizado os desbastes, ocorrerá o desbaste natural que poderá recair sobre árvores que apresentavam incremento médio anual mais elevado e mais aptas para permanecerem até o corte raso da floresta.
Dessa forma, o produtor que optar por não desbastar periodicamente, pode ter prejuízos significativos, obtendo assim menor retorno financeiro.
Portanto, os manejos de desbastes apresentam papéis fundamentais para acelerar o crescimento das florestas comerciais de mogno africano que estão destinadas a produção de madeira nobre. Ou seja, elas requerem cuidados até o final de seu ciclo, sendo assim, é recomendado o monitoramento periódico do desenvolvimento da floresta.