O inoculante é utilizado em plantio comercial a fim de potencializar o desenvolvimento das principais culturas agrícolas e silviculturais

A produtividade no campo e a manutenção de nutrientes no solo sempre foi uma preocupação entre os produtores rurais e silvicultores.

Por conta disso, foram desenvolvidas inúmeras técnicas e pesquisas a fim de potencializá-la e prevenir o desgaste da terra. Uma das formas de alavancar o crescimento saudável das plantas no campo foi a criação de inoculantes que contêm bactérias formadoras de nódulos nas raízes das plantas (rizóbios) responsáveis pela fixação biológica dos nutrientes (FBN).

O inoculante já é comumente utilizado em plantios de soja e em plantas utilizadas para adubação verde a fim de potencializar ainda mais o desenvolvimento das principais culturas agrícolas e silviculturais.

Para entender mais sobre o inoculante, entrevistamos uma das maiores empresas do setor de soluções biológicas, a Biotrop.

1) O que compõem o Rhizobium?

O inoculante é composto por uma cultura pura de microrganismos selecionados pela pesquisa, neste caso específico, bactérias pertencentes ao gênero Rhizobium. O produto contém o mínimo de um bilhão de bactérias por mililitros (ml), que são cultivadas e estabilizadas para aplicação nas sementes ou no sulco de plantio.

2) Qual a principal função do inoculante?

Este inoculante possui duas funções importantes ao aportar bactérias que promovem o desenvolvimento radicular por meio da produção de fitormônios e a fixação biológica do nitrogênio (FBN), processo pelo qual o nitrogênio presente no ar atmosférico (N2) é convertido em formas que a planta seja capaz de utilizar, contribuindo para a nutrição vegetal.

3) Como é aplicado esse inoculante? Quais os principais cuidados para maximizar os efeitos do inoculante?

Atualmente, as principais vias de inoculação são o tratamento de sementes e a pulverização via sulco de semeadura, sendo a primeira a mais adotada. Para maximizar o efeito dos inoculantes, é importante atentar para as boas práticas de inoculação, onde se destacam os seguintes pontos:

  • A inoculação deve ser feita nas horas mais frescas do dia (pela manhã ou à noite), seguindo-se as recomendações de dosagem e aplicação fornecidas pelo fabricante do inoculante;
  • O tratamento de sementes deve ser feito à sombra, e a semeadura deve ser feita em, no máximo, 24h, exceto para produtos registrados para a pré-inoculação de sementes;
  • O inoculante não pode ser misturado com agroquímicos (fungicidas e micronutrientes), pois os mesmos podem acarretar ação tóxica às bactérias; no tratamento de sementes, aplicar o inoculante em uma segunda operação, após secagem do químico aplicado; no caso da inoculação no sulco de semeadura, deve-se deixar o tanque para uso exclusivo com o inoculante;
  • Em solos de primeiro ano de plantio, recomendam-se doses múltiplas de inoculantes: 2 a 10 vezes conforme recomendação de um engenheiro agrônomo;
  • Ao utilizar inoculante turfoso, recomenda-se utilizar solução açucarada a 10% (300 mL/50 kg de sementes) ou aditivos (para inoculante) que garantam boa aderência às sementes;
  • Não semear “no pó”, pois ambientes quentes e secos são desfavoráveis à sobrevivência das bactérias.

4) Qual a diferença do Rhizobium do Bradyrhizobium utilizado na soja?

Para que o processo de FBN ocorra, é necessário que haja a associação da bactéria simbionte com a planta hospedeira, e a formação de estruturas especializadas nas raízes, chamadas nódulos. Esta associação é específica, sendo que cada planta hospedeira possui um simbionte específico, como exemplificado abaixo:

  • Soja -> Bradyrhizobium japonicum
  • Feijão -> Rhizobium tropici
  • Feijão caupi -> Bradyrhizobium sp.
  • Alfafa -> Sinorhizobium meliloti
  • Trevo branco -> Rhizobium leguminosarum
  • Grão-de-bico -> Mesorhizobium ciceri

Assim, Rhizobium e Bradyrhizobium são dois gêneros de bactérias simbiontes, fixadoras de nitrogênio, que possuem plantas hospedeiras específicas.

5) Quais as expectativas com a aplicação do inoculante nas plantas de adubação verde para cultivo de Mogno Africano?

O uso de leguminosas em sistemas de produção é extremamente importante para a manutenção da saúde e da fertilidade do solo no longo prazo, principalmente devido à incorporação de Nitrogênio. Somado a isso, o uso fertilizantes nitrogenados onera a produção e resulta na poluição de rios, lagos, lençóis freáticos, e emissão de gases com efeito estufa, como o N2O e CO2.

Sendo assim, a utilização da tecnologia de inoculação em plantas de adubação verde garante a introdução de Nitrogênio no sistema através de um mecanismo natural (FBN), com maior rentabilidade e sustentabilidade para a produção das culturas subsequente como, no caso, o Mogno Africano.

A nutrição do solo é atividade primordial para que as plantas apresentem arranque inicial e bom desenvolvimento sem esgotar os nutrientes do solo, principalmente para culturas de longo prazo como o Mogno Africano que apresenta corte raso por volta dos 18 anos de idade.

A utilização do adubo verde como condicionador do solo através do uso leguminosas como o feijão guandú (Cajanus cajan) e crotalária (C. juncea, C. spectabilis e C. ochroleuca) inoculadas com microrganismos trazem um ganho expressivo na qualidade da fertilidade biológica.