A adubação verde é uma técnica agrícola que promove a reciclagem de nutrientes do solo por meio do plantio de determinadas espécies de plantas, preferencialmente as espécies que pertencem à família das leguminosas, gramíneas, crucíferas ou de cereais a fim de tornar o solo mais fértil. Esta técnica visa recuperar solos degradados, melhorar solos pobres e conservar os que já são altamente produtivos.
Quais as vantagens da adubação verde?
O processo de nutrição do solo por meio desta técnica, se dá a partir da relação simbiótica ou associativista que essas plantas apresentam junto com as bactérias (rizóbio) alojadas em suas raízes. Essas bactérias são especializadas em metabolizar o nitrogênio no solo, ou seja, elas têm a capacidade de remover o nitrogênio presente na atmosfera e fixá-las no solo, dessa forma, nutrem a terra.
Essas plantas são responsáveis pelo arado biológico, pois suas raízes são profundas. Quando essas raízes se decompõem, criam galerias e macroporos, que promovem o crescimento de microorganismos em profundidade e assim rompem as barreiras físicas do solo. Logo, elas são responsáveis pela descompactação do solo.
O nitrogênio é um dos elementos que configura a fertilidade do solo, sendo sua principal função auxiliar as plantas em seu crescimento, ou seja, no desenvolvimento de células e tecidos. Também está presente na composição química da clorofila.
Pelo fato de haver a fixação de nitrogênio no solo, a adubação verde garante à cultura principal um arranque no desenvolvimento de cerca até 25% maior em relação a ausência desta técnica, isto é, ela acelera o crescimento inicial das mudas principais.
O plantio de determinadas espécies evita o desenvolvimento indesejado de ervas daninhas e do mato no plantio comercial, diminui as perdas de água no solo, contribuindo, assim, para recuperação de áreas degradadas. Logo, a necessidade de se investir em adubos químicos, manutenções para controle do mato e outras ferramentas para descompactar o solo é reduzido consideravelmente.
Tipos de plantas usadas na adubação verde
- Crotalária (C. juncea, C. spectabilis e C. ochroleuca);
- Feijão guandú (Cajanus cajan);
- Brachiaria ruziziensis;
- Sorgo volumoso (Sorgo BRS716);
- Milheto (BRS 15 01);
- Nabo forrageiro (IPR 116).
Adubação verde na prática
Essa técnica também é utilizada tanto na agricultura em geral, quanto na criação de florestas nobres. Há duas formas de se plantar os adubos verdes, que seria por meio do plantio consorciado ou o plantio no local com posterior incorporação dessas plantas no solo. Após essa incorporação, as mudas principais são plantadas.
A recomendação é de que seja plantada 30 kg de sementes do mix das espécies citadas acima a lanço ou com semeadeira por hectare em plantios com mais de 6 meses de idade ou antes de receber as mudas principais.
Esta leguminosa cresce 1 metro por mês e leva de 3 a 4 meses para ser incorporada ao solo por meio da gradagem. Desta forma, o produtor poderá fazer a calagem/gessagem e plantar a crotalária de imediato.
A crotalária e o sorgo volumoso são as favoritas entre os agricultores e silvicultores por apresentar alto desempenho na fixação de nitrogênio no solo.
A vantagem do sorgo é que suas raízes são longas e capazes de fixar esses nutrientes no fundo do solo, onde as raízes das mudas florestais estarão quando adultas, trazendo umidade ideal para seu desenvolvimento. Além disso, são altamente produtivas em biomassa: 1 hectare deste adubo é equivalente a 50 a 100 toneladas de massa vegetal em 1 ano.
Segundo estudo realizado pela Embrapa na região do estado do Pará, foi obtido a média dos seguintes resultados por meio do plantio de crotalária:
Recentemente, a Embrapa e a empresa Bioma em uma parceria público-privada, criaram um inoculante biológico, desenvolvido através de duas bactérias: uma no solo (Bacillus subtilis) e outra no milho (Bacillus megaterium). Esse inoculante é capaz de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, mudando o quadro de alta dependência brasileira da compra de fertilizantes em mercados estrangeiros.
O fosfato é um elemento essencial para o desenvolvimento das plantas, pois auxilia na respiração, armazenamento e transferência de energia. Essas bactérias conseguem fazer com que as raízes absorvam maior quantidade de fósforo, fazendo a troca de compostos fundamentais para o crescimento da bactéria, como fontes de carbono, em especial açúcares e ácidos orgânicos.
A utilização desses inoculantes pode acelerar a recuperação de nutrientes, potencializar a liberação do fósforo presente na matéria orgânica e enriquecer o solo. O mais importante é que não causam danos ao meio ambiente. Além disso, ele ajudará e muito na economia do país, pois passaríamos a produzi-lo em longas escalas, diminuindo assim a compra de fertilizantes.
Por isso, a adubação verde requer análise do solo para identificar os nutrientes presentes na terra antes de colocar em prática essa técnica agrícola. Algumas espécies de adubo verde apresentam características particulares que podem ou não afetar o desenvolvimento da cultura principal. Busque sempre ajuda de um profissional especializado que irá traçar seu planejamento agrícola e silvicultural de forma que traga benefícios ao seu plantio.