Confira neste artigo o que é aptidão agrícola da área, como saber se sua terra é apta ao cultivo do Mogno Africano e os 3 níveis de manejo

Conhecer as características da cultura que se deseja plantar é essencial, mas entender a aptidão agrícola para cultivo é crucial para o sucesso do negócio agrícola ou florestal.

A aptidão agrícola, de acordo com o dicionário Estraviz, significa “uma série de requisitos necessários ao exercício de determinada atividade”. Ao se tratar de aptidão agrícola de área no ramo da agricultura e silvicultura, significa compreender se o local onde será realizado um plantio atende aos requisitos de determinada cultura e também se há recursos tecnológicos suficientes. Isto é, se o local e recursos possam ser geridos de forma sustentável do ponto de vista econômico e ambiental.

Esses requisitos estão ligados a fatores como clima, vegetação, topografia, hidrografia e a tecnologia disponível para exercer determinadas atividades agrícolas, sem que haja prejuízos ambientais ou econômicos.

Por isso, a aptidão agrícola apresenta uma visão macro sobre as atividades que envolvem o manejo. Por meio dessa análise é possível otimizar recursos naturais de forma sustentável, ou seja, de forma que não esgotem os recursos já presentes na área ou que sejam reaproveitados.

A preocupação com a aptidão agrícola entre os produtores rurais teve seu início na década de 70, sendo criado inúmeros documentos para facilitar a sua avaliação. Um desses documentos se tornou a base de outros métodos de avaliação por padronizar as métricas nacionais e internacionais, o “Framework for Land Evaluation” (FAO).

O FAO acompanha tudo aquilo que envolve a avaliação das terras, porém não especifica um procedimento ou manual sobre como avaliar. Isto é, a avaliação e interpretação deve ser realizadas por profissionais qualificados.

Essa estrutura de avaliação da terra sofreu algumas alterações para se adequar a realidade dos recursos naturais no Brasil, sendo adaptada principalmente pelo pesquisador da Embrapa Solos, Antônio Ramalho Filho. Neste material, desenvolvido especificamente para avaliar as terras no Brasil, engloba-se o nível de manejo em diversos âmbitos, além das limitações do campo.

Para facilitar a compreensão sobre a questão tecnológica do manejo, podemos dividi-la em 3 níveis principais. Entenda quais são eles e como se classificam abaixo:

Aptidão de área agrícola: conheça os 3 níveis de manejo

Os níveis de manejo estão ligados não apenas ao aspecto topográfico do local para saber se há a possibilidade de mecanização no campo, mas também do ponto de vista tecnológico, social e econômico. A classificação dos níveis se dá baseando-se na necessidade de emprego da tecnologia em determinado local, sendo do menos ao mais desenvolvido.

Ao se tratar de uma propriedade específica, também são considerados os recursos já presentes nela como maquinários, equipamentos e capital destinado para o investimento da atividade aptidão agrícola ou silvicultural. A classificação está ligada ao potencial de manejo, sendo classificado em 3 níveis.

Veja detalhadamente o que cada um significa logo abaixo:

  • Nível de manejo A (primitivo): designa baixo nível técnico-cultural de práticas agrícolas, isto é, os recursos para desempenhar tais práticas são limitados, sendo mais voltado a atividades braçais ou por meio da tração animal. Neste nível não há praticamente nenhum capital investido.
  • Nível de manejo B (pouco desenvolvido): conta com nível tecnológico intermediário. Há aplicação de capital e de resultados de pesquisas para manejo, melhoramento e conservação da condições das terras e das lavouras, porém de forma modesta. Neste nível há atividades de mecanização com base animal ou motorizada destinadas à preparação e correção de solo, como atividades de calagem, por exemplo.
  • Nível de manejo C (desenvolvido): há alto nível tecnológico empregado nas atividades, assim como aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisas para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das culturas plantadas. Sendo que neste nível a motomecanização está mais presente em diversas fases das operações agrícolas.

A pastagem plantada e a silvicultura podem ser consideradas atividades de nível B em alguns casos, pois o manejo se dá de forma modesta na correção de solo e na aplicação de defensivos e fertilizantes. Uma atividade que apresenta baixo ou quase nenhum uso de tecnologia é uma pastagem natural, sendo considerada uma atividade de nível de manejo A.

Contudo, caso haja emprego de outras técnicas para aprimorar o desempenho dos resultados, como é o caso de técnicas de adubação verde em florestas comerciais, a silvicultura pode passar a ser nível C (mais desenvolvido).

Portanto, os níveis de manejo estão ligados aos recursos materiais e financeiros disponíveis para executar as atividades. Esses níveis permitem compreender se há recursos suficientes para melhoramento da fertilidade, mecanização no campo, entre outras atividades.

Porém, a análise de manejo deve ser realizada com base nos aspectos ambientais do local onde será plantada, por isso, o boletim da FAO classifica as terras em 4 classes.

Conheça as 4 classes de aptidão agrícola

A classe de aptidão agrícola está relacionada a deficiência ou excesso de fertilidade e de água, susceptibilidade à erosão e impedimentos à mecanização, de acordo com Ramalho Filho. Essas limitações são baseadas para empregar atividades agrícolas como pastagem plantada/natural, lavouras e a silvicultura.

As limitações recebem o nome de “Classe” se dividindo em quatro definições de acordo com o boletim da FAO (1977): boa, regular, restrita ou inapta.

As terras que apresentam pouca ou quase nenhuma limitação para exercer atividade agrícola sustentável, isto é, se a topografia, clima e solo estão dentro do desejável são consideradas de classe boa. Essas características contribuem na economia de insumos, geralmente ficando dentro de um nível aceitável.

Já nas de classe regular há limitações moderadas que podem reduzir a produtividade ou os benefícios, sendo necessário a aplicação de insumos para garantir as vantagens a serem obtidas com o uso. Ainda que atrativas, essas vantagens são sensivelmente inferiores às de classe boa.

Enquanto a classe restrita, como o próprio nome pressupõe, são áreas que apresentam fortes limitações para cultivo que podem reduzir a produtividade ou os benefícios. Ou ainda pode haver grande necessidade de insumos acarretando grande capital investido.

Por fim a classe inapta são áreas que não apresentam condições para produção sustentável e costumam ser terras para usos menos intensos, ou seja, para atividades de pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural ou ainda para preservação ambiental.

Logo, as classes designam aspectos ambientais do local estudado. Dependendo do nível de manejo encontrado neste mesmo local, é possível transformar uma área de classe regular em classe boa. Por isso, a interpretação destes dados deve ser realizada por profissional qualificado que irá avaliar não só estes aspectos como também a viabilidade econômica e se é possível o plantio da cultura desejada.

Ao se mapear a propriedade rural, seguindo as classes e níveis de manejo, é possível obter uma visão mais ampla sobre a aptidão agrícola da propriedade rural, bem como quais regiões são mais indicadas para plantio florestal, pastagem ou lavoura.

Como saber se minha área é apta para cultivo do Mogno Africano

Conforme apresentado anteriormente, as classificações e os níveis de manejo são fatores a serem analisados e interpretados por profissional com experiência prática.

Ao falar especificamente da cultura de mogno africano, este profissional deverá ter experiência no cultivo dessa espécie, com base em resultados de plantios já instalados de maneira exitosa e dados produzidos por meio de experimentos da Embrapa Florestas, irá identificar se a área é apta ao cultivo.

Tratando-se de uma cultura de alto valor agregado, cabe ao produtor trabalhar com um nível de manejo desenvolvido, dessa forma, a cultura plantada pode expressar o máximo do potencial produtivo.

Neste material abordamos apenas dois segmentos de análise, contudo, há também análise de culturas de ciclos curtos e longos. Os dados obtidos por meio dessa análise devem ser interpretado por um profissional que irá realizar o cruzamento de dados entre características essenciais do cultivo que se deseja plantar, níveis de manejo e classe da área.

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