Investir em madeira nobre é sinônimo de rendimento a longo prazo que possibilita o retorno do capital investido. Mas será que vale a pena?
Uma prática ainda pouco difundida aqui no Brasil, são os investimentos florestais, principalmente investir em madeira nobre. Hoje é comumente encontrado plantios organizados de pinus e de eucalipto destinados para produção de celulose e energia. Já as florestas nobres ainda são mais raras e destinadas para a construção civil e naval, indústria mobiliária, por exemplo.
A principal diferença entre elas não está apenas na finalidade da madeira, mas também no tempo de corte, lucratividade e a espécie selecionada para dar início ao negócio florestal. Há inúmeros fatores que influenciam na escolha da espécie além do clima e da topografia, como também a questão mercadológica.
O Brasil se encontra entre os maiores produtores de celulose e de energia por meio de plantios organizados de pinus e de eucalipto, porém está na dianteira ao se tratar de produção de madeira nobre.
Por isso, para entender mais em números a abrangência e a representatividade desse mercado na economia brasileira, separamos alguns dados do relatório de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cenário do mercado florestal brasileiro
De acordo com o relatório PEVS de 2020, no Brasil há 9.616.157 milhões de hectares de florestas plantadas, sendo que 7,4 milhões são de eucalipto e 1,8 milhão de pinus, enquanto o restante são de florestas para outras finalidades, ou seja, há apenas 354 mil hectares de florestas plantadas para outras finalidades.
Ainda de acordo com o relatório PEVS 2020, as atividades de produção silvicultural foram responsáveis por movimentar cerca de R$18,8 bilhões, com alta anual de 21,3%, uma recuperação após a retração de 5,0% em 2019.
O mercado de papel e celulose foram os que mais se destacaram, com 25,6% do valor nacional da produção da silvicultura. Já o setor da madeira em tora é o terceiro maior, com R$ 4,9 bilhões ou 26,7% do total da área, com alta 10,8% em comparação à 2019.
Este número tende aumentar devido ao fenômeno do apagão florestal identificado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) que prevê uma queda na produção de madeira e aumento da demanda do mercado até 2030.
Atualmente o Brasil produz aproximadamente 11 milhões de metros cúbicos de madeira extraída de florestas nativas e este número deverá cair para 5 milhões até 2030. Ao mesmo tempo, a demanda aumentará para 21 milhões gerando, assim, um déficit de 16 milhões de metros cúbicos de madeira até 2030. Isto é, haverá aumento natural dos preços da madeira tropical devido à queda na produção.
Para que seja possível atender essa demanda futura seria necessário a partir de hoje, serem plantados 50.000 hectares de florestas para produção de madeira dura tropical todos os anos, desconsiderando a demanda de madeira para energia.
Porém, como as florestas apresentam tempo de crescimento mais lento, requerem um período maior para atingir a maturidade biológica que corresponde a formação do cerne da árvore, a parte dura da madeira. Por isso, as florestas são consideradas investimentos de longo prazo para formação de patrimônio, aposentadoria e até mesmo herança.
Portanto, diante deste cenário e tempo de maturação para produção de madeira, há uma janela de oportunidade para atender uma demanda latente até 2030 para formação de novos plantios.
Mas, afinal, vale investir em madeira nobre?!
Florestas nobres são plantios organizados com objetivo principal de obter madeira nobre para atender à construção naval, indústria moveleira, construção civil, fabricação de pallets, painéis e chapas de madeira, pisos laminados, postes e mourões, entre outros produtos. Mas não são todas as árvores que produzem madeira nobre.
Ipê roxo, teca, guanandi e mogno africano são exemplos de espécies que produzem madeira nobre. Cada uma delas requerem cuidados e manejo específicos, além de apresentar idade de maturação diferente. Os principais cuidados são na fase de pré-plantio com análises e correções de solo. Após a implantação da floresta com o plantio das mudas, a manutenção e monitoramento deve ser realizado anualmente.
Por exemplo, o ipê roxo é indicado para regiões mais frias, sendo recomendado o plantio de três mudas por cova, sua maturação se dá a partir dos 25 anos de idade. Enquanto o mogno africano apresenta maturação mais precocemente, entre 13 e 15 anos de idade e é indicado em regiões mais quentes, onde não há ocorrência de geadas.
A maturação biológica corresponde a formação do cerne, parte central e dura da madeira muito utilizada na construção civil, a qual apresenta maior valor agregado no mercado. Geralmente a maturação coincide com o payback do projeto florestal, ou seja, é o momento em que todo investimento inicial com a implantação é pago, sendo possível obter lucro.
As madeiras nobres são mais pesadas, densas e apresentam alta resistência ao ataque de fungos e insetos por terem mecanismo de defesa que inibe o ataque desses organismos. Outra característica é o aspecto estético que ela apresenta, a qual é de bom comportamento tecnológico e isento de odor. Por isso, apresentam maior valor agregado.
Diferenças entre floresta nobre e comum
Florestas comuns de pinus e de eucalipto são facilmente encontradas no Brasil para produção de celulose e energia. Essas espécies se popularizaram por não exigir tantos tratos culturais. “Na teoria, ele se desenvolve em qualquer tipo de solo, qualquer tipo de condição climática”, esclarece a engenheira agrônoma Elisia Galvão em entrevista à Revista Agropecuária.
O eucalipto ainda se destaca pelo tempo de crescimento precoce em relação a outras espécies, por exemplo, a muda clonada apresenta tempo de corte entre o 5°e 7° ano de idade, já a seminal apresenta poda inicial entre o 10º a 12° anos. Caso opte para produção de uma madeira mais densa, é recomendado que o corte seja realizado entre 20º a 24º anos.
Já o mogno africano é possível obter madeira mais densa a partir dos 13 anos, idade em que a floresta atingiu a maturidade biológica e também sendo possível obter o payback do investimento (dependendo do espaçamento escolhido).
Portanto, o investimento em florestas nobres para produção de madeira pra serraria, é bem diferente dos plantios comerciais de madeiras comuns. As práticas se diferenciam principalmente pelo seu tempo de retorno e lucratividade. Apesar das florestas nobres requererem mais tempo para maturação, são as que apresentam maior retorno financeiro devido ao valor agregado em sua comercialização.
Para entender mais sobre a lucratividade do mogno africano, baixe nossa planilha modelo de investimento.