Existem alguns erros no manejo do Mogno Africano que devem ser evitados para se obter sucesso no plantio. Leia mais!

Quando falamos sobre reflorestamento comercial de Mogno Africano, há uma série de cuidados que devem ser considerados no momento do manejo. Dessa forma é possível obter sucesso no plantio e prevenir surpresas desagradáveis durante o desenvolvimento da floresta. Esses cuidados devem ser detalhados no planejamento florestal, assim, será possível ter a certeza de que todas as etapas serão executadas.

O planejamento é desenvolvido por um engenheiro florestal ou agrônomo que, após estudar a aptidão da área para receber o cultivo do Mogno Africano, descreve todos os tratamentos necessários para o projeto.

Ainda assim, alguns silvicultores e produtores rurais insistem em não seguir as orientações, cometendo erros que podem comprometer o plantio e até trazer prejuízos significativos a floresta.

10 erros mais comuns no manejo do Mogno Africano

1) Preparo do solo

Um dos erros mais comuns no manejo do Mogno Africano é não cuidar previamente do solo e ir colocando as mudas a campo.

O solo é como se fosse o lar das mudas, por isso, precisa ser confortável, apresentar infraestrutura e alimentos para que as árvores possam crescer de forma saudável.

A terra é o local onde as plantas extraem os nutrientes para se desenvolverem. Portanto, estudar como está a saúde do solo é essencial.

Para diagnosticar a saúde do solo, é preciso recolher uma amostra da terra e enviar a um laboratório especializado para analisar a sua fertilidade química, física e biológica antes de iniciar o plantio das mudas.

Com base nos resultados obtidos nesta análise é possível identificar quais nutrientes estão presentes e ausentes no solo ou se há necessidade de aplicar corretivos e até mesmo realizar a adubação verde para reciclagem dos nutrientes.

A deficiência de Cálcio (Ca), Boro (Bo), Fósforo (P), Potássio (K), Manganês (Mg) ou o desequilíbrio de bases da solução do solo facilitam a presença de pragas e doenças. Por isso, fazer a correção antes de prosseguir com as etapas de plantio é extremamente essencial.

2) Desconhecer o local de plantio

O Mogno Africano, por ser uma espécie exótica, não se adapta à regiões onde há a ocorrência de geadas ou áreas muito úmidas. Por essa razão, o cultivo da espécie é indicado em regiões quentes e com índice pluviométrico superior a 800 milímetros ao ano.

Ao estruturar o projeto, o engenheiro responsável precisa verificar o índice pluviométrico, o clima, tipo de solo, a atividade agrícola desenvolvida anteriormente naquela terra e se são compatíveis com o desenvolvimento de uma determinada cultura agrícola ou silvicultural. Conhecer a atividade desenvolvida anteriormente ajuda ao profissional identificar o nível de compactação e o solo da região.

O uso excessivo de maquinário pesado ou ainda criação de gado por um longo tempo compacta o solo, dificultando a penetração da raiz das árvores e, consequentemente, comprometendo o seu desenvolvimento. Nesses casos o mais indicado é a descompactação do solo ou até mesmo a adubação verde.

Conhecendo o local de plantio e recebendo as orientações adequadas, será possível traçar estratégias adequadas para o método de plantio com base no relevo do local. Por exemplo: para as regiões com relevo acidentado, o mais indicado é que seja feito o plantio manual, pois não requer maior mão de obra e treinamento. Para as regiões mais planas o plantio pode ser mecanizado, ou seja, deve ser realizado por meio do uso de tratores ou algum outro maquinário.

Durante a elaboração do planejamento do projeto florestal todos os procedimentos mencionados devem ser levados em consideração, uma vez que irá impactar diretamente na viabilidade financeira de florestas mogno africano.

3) Projeto de viabilidade financeira

Não basta apenas saber se a cultura que deseja plantar irá se desenvolver bem naquela região. É fundamental considerar a viabilidade econômica do negócio florestal como um todo.

Um solo extremamente pobre de nutrientes, por exemplo, já é um indicador de que será necessário adquirir um grande volume de insumos, consequentemente, aumentando o valor do investimento inicial do projeto.

Outro ponto importante são os fatores mercadológicos da matéria-prima que será fornecida. Tratando-se da madeira de mogno africano, é preciso analisar se o tamanho da área e a capacidade produtiva são suficientes para atender ao mercado nacional ou internacional.

A demanda de mercado, a questão logística e os pontos estratégicos para o escoamento da madeira também devem ser considerados na análise de viabilidade financeira do projeto florestal. Por meio desse panorama geral, o engenheiro conseguirá determinar se o plantio é viável ou não e ainda otimizar os recursos já existentes na propriedade para amenizar os custos com insumos.

4) Não capacitar a equipe

Após conhecer todas as características da área e montar o projeto florestal é preciso contratar mão de dobra qualificada ou realizar a capacitação da equipe.

No momento de preparo do local devem ser removidas as possíveis pragas do local como as colmeias das abelhas arapuás, ninhos de formigas cortadeiras e remover o mato. O mais recomendado é realizar o treinamento dos operadores para que as operações sejam executadas corretamente e não haja acidentes.

Na fase de implantação, a equipe deve ser instruída sobre qual a quantidade correta de adubo para evitar a queima da muda, bem como as técnicas para abertura das covas As covas não podem ser muito fundas e não deve haver excesso de terra no colo da muda, pois isso ocasionará o sufocamento da planta, comprometendo o seu desenvolvimento.

Durante a fase de manutenção, a equipe deve ser treinada para as atividades de poda (ou desrama) e execução dos desbastes. A poda dos ramos deve ser feita até que o fuste alcance entre 8 a 12 m livre de galhos, devendo ser realizada logo nos primeiros anos de idade da floresta, evitando remover excessivamente os galhos das árvores.

A remoção de galhos em demasia enfraquece o desenvolvimento da planta, visto que as folhas são as principais responsáveis por realizar a fotossíntese para obter nutrientes.

Quanto aos desbastes, a orientação para a equipe de trabalho é relacionada a seleção das piores árvores a serem desbastadas e quais indivíduos deverão permanecer para o corte raso.

5) Podar demais é um dos erros mais comuns no manejo do Mogno Africano

A poda (ou desrama) é uma das atividades de manutenção da floresta e deve ser realizada a partir do terceiro ano de idade da floresta para se obter madeira limpa e homogênea.

Nessa atividade é removido ramos vivos, secos e doentes das árvores para que não haja a proliferação de pragas e doenças. Por isso, essa técnica é muito usada para a produção de madeira para serraria.

A retirada dos galhos deve ser de até dois terços de altura da copa da árvore, sendo o ideal atingir de 8 a 12 metros de fuste livre de galhos.

Caso a desrama não seja feita de forma adequada e lesione a árvore, poderá haver a contaminação por fungos, pragas ou doenças. O excesso da remoção dos galhos pode desacelerar o crescimento da árvore, uma vez que ela é responsável pela fotossíntese (energia).

Por isso, deve-se atentar ao método de remoção e quanto será removido para não prejudicar o desenvolvimento das floresta e nem a qualidade da madeira produzida.

6) Não desbastar a floresta

Tratando-se de florestas de mogno africano para produção de madeira nobre para serraria, é indicado uma lotação inicial de 1.100 a .1800 árvores/hectare (ha). Neste modelo de espaçamento, há a competição entre as árvores sendo recomendado realizar os desbastes periódicos.

A ausência dos desbastes neste modelo mais fechado de povoamento, gera o autodesbaste da floresta, uma vez que as árvores competem entre si podendo ocasionar a morte das mais fracas. Por isso, é recomendado que seja feito o desbastes periodicamente, para evitar a perda da madeira e gerar renda no negócio florestal planejado.

Além de gerar liquidez, o desbaste permite que os indivíduos remanescentes, com melhor desempenho, tenham aumento no crescimento, melhorando assim a produtividade de árvores com classes diamétricas mais elevadas.

7) Soltar o gado antes do tempo

O plantio consorciado é aquele que há a presença de duas ou mais atividades culturas agrícolas ou silviculturais em uma determinada região para fins comerciais. Nesta modalidade de plantio, o mais comum é o plantio de florestas com a criação de gados também conhecido como sistema silvipastoril (pecuária + floresta).

Normalmente esse sistema consiste no plantio da floresta em renques no sentido leste/oeste com espaçamento de 18 metros entre os renques, 3 metros entre as linhas e 2 metros entre árvores. Contudo, é imprescindível aguardar ao menos 2 anos para que as mudas se desenvolvam e não sejam pisoteadas pelo gado.

Ainda nessa modalidade a atenção deve ser redobrada para o gado, apesar do mogno africano não ser palatável, a ausência de alimento pode fazer com que o gado roa o tronco da árvore acarretando em prejuízo no negócio florestal.

8) Não monitorar o desenvolvimento da floresta

Ao se tratar de florestas comerciais, muitas pessoas acreditam que basta apenas plantar as mudas e deixar a planta crescer. Esse é o erro mais grave cometido pelos silvicultores iniciantes. A floresta precisa ser monitorada até o seu corte final. Por meio desse monitoramento é possível identificar ataques de pragas ou doenças, avaliar a idade ótima de corte e se há a necessidade de se adiantar atividades de manutenção para obter madeira de qualidade.

Além disso, identificar o desenvolvimento e produtividade da floresta. Para isso é indicado medir o diâmetro da altura do peito (DAP) das árvores de um determinado talhão anualmente. Dessa forma é possível mensurar o crescimento das árvores e calcular uma média da produção de madeira e evitar assim surpresas durante o crescimento da floresta.

9) Controlar o mato e as formigas

Já as formigas, as grandes vilãs das florestas, atacam as folhas das mudas podendo ocorrer em qualquer idade da floresta. Por isso, é indicado monitorar e aplicar iscas formicidas durante todo o desenvolvimento da floresta. Para entender mais sobre o assunto, confira essa entrevista exclusiva com a equipe da Dinagro. 

10) Tratar e armazenar a madeira de forma incorreta

Florestas que adotam o espaçamentos mais fechados requerem desbastes periódicos dos piores indivíduos para dar espaço para os melhores se desenvolverem. Independente da idade, a árvore recém cortada da floresta precisa ser imunizada e armazenada corretamente para evitar a ocorrência de fungos e insetos que podem danificar a madeira obtida.

Neste sentido, o mais indicado é imunizar as toras através de produtos químicos, além de secá-la. A secagem pode ser de forma natural ou ainda por meio do autoclave.

Independente do método de secagem é recomendado armazenar a madeira em ambiente arejado e ventilado para que não haja a presença de fungos que poderão escurecer a madeira e desvalorizá-la.

Manejo do Mogno Africano

Portanto, o manejo da floresta de mogno africano requer atenção aos detalhes desde a elaboração do projeto até o armazenamento do produto final. Evitando os erros apresentados anteriormente, o produtor irá colher bons frutos no futuro por meio de uma madeira de ótima qualidade. Para saber mais sobre como funciona o investimento em mogno africano, baixe nossa planilha gratuita de modelo de investimento:

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